Neymar faz gol mais importante

Neymar decidiu-se por assinar contrato com o Barcelona, clube pelo qual se diz torcedor, embora a proposta apresentada pelo rival Real Madrid tenha sido mais vantajosa, financeiramente. O ex-atacante do Santos também não nega sua preferência por atuar ao lado do maior jogador do mundo, com quem conversou depois da decisão do mundial de clubes da Fifa, com a vitória dos espanhóis, em 2011, por 4×0, com dois gols do argentino. Faz muito bem Neymar se “encostar” em Messi, para dividir as pancadas.

Não vejo por que se questionar a escolha de Neymar e a dúvida – parte da mídia boa estava dividida – com relação ao ganho que terá jogando no mais avançado, em todos os sentidos, centro do futebol mundial, a Europa. Foi excelente ter ficado todo esse tempo no Santos por que era seu desejo, curtir a fama em seu país, ao lado da família, dos amigos, sem preocupação de adaptação, idioma, costumes. Foi bom enquanto durou, mas essa etapa foi cumprida. É hora de conquistar a Europa, o mundo. Golaço do menino.

Neymar não acrescentaria mais nada à sua carreira, disputando o campeonato paulista, campeonato brasileiro ou Libertadores. Chegou ao ápice como jogador e mais adiante só haveria cobrança. O que fizesse de extraordinário seria mais que obrigação, quando deixasse de fazer seria cobrado, estaria em “decadência”. Viriam as críticas, algumas boas, partindo de quem conhece futebol, outras nem tanto, algumas abaixo da média, como tem sido com qualquer outro artista.

Mesmo tendo conquistado o campeonato espanhol com três rodadas de antecedência, o Barcelona precisava fazer alguma coisa para manter sua exigente torcida – que não poderia ser diferente em função das muitas conquistas seguidas – ao lado do time, que sofreu revezes importantes, como a desclassificação na Champions, até certo ponto surpreendente, da forma como as coisas aconteceram, diante do Bayern, que acabou campeão.

Os cules passaram por momentos difíceis e as cobranças vieram em avalanches. Ignoraram que o clube ficou sem  o treinador que montou a maior equipe do mundo, ganhando seis títulos seguidos. Guardiola deixou um buraco enorme, difícil de ser preenchido. Tito Vilanova, que conhece todo o trabalho feito na organização do time, ficou impossibilitado de trabalhar, por razões que todos conhecem, perdeu Puyol, líder e capitão do time, sofreu com os problemas de Abidal. Não foi um bom ano, com certeza

Com a surpreendente ascensão do futebol alemão que fez a final da Liga dos Campeões e a forma como Borussia e Bayern derrotaram os gigantes espanhóis, a luz amarela foi acesa em Madrid e Barcelona. Florentino Pérez tratou de rescindir o contrato de José Mourinho, que dirigiu o time em três temporadas mas não teve saldo positivo, considerando custo/benefício e Sandro Rosell decidiu levar o maior jogador do futebol brasileiro, bom pra todo mundo.

Neymar só tem a ganhar com essa transferência. Financeira e tecnicamente. Um atleta de alto rendimento precisa encontrar adversários do seu nível, para evoluir. Os times brasileiros estão muito abaixo do seu extraordinário talento e impressionante repertório de jogadas. Imagine Usain Bolt, recordista olímpico e mundial treinando contra brasileiros, disputando Troféu Brasil, Grand Prix, Campeonato Sul-Americano ?  Sem condições de trabalhar, sem pistas para treinar nem adversários para exigir melhores performances, não teria como desenvolver seu potencial.  Enfrentar Sergio Ramos, Falcão Garcia, Cristiano Ronaldo, Özil, Casillas, Ribery, Grotze, Neuer, Lahm, Buffon, Balotteli, Bale, e outras feras fará bem a esse menino, que tem muito para evoluir, agora.

Para compreender melhor como funciona um treinamento em atleta de alto rendimento, vamos aos números: Usain Bolt, que tem os recordes mundiais dos 100 metros rasos (9,58), 200 metros (19,9) e revezamento 4×100 (36,84), ao lado de Yohan Blake, que fez 9,69 nos 100 metros, Michael Frater, 9,97, Nesta Carter, 9,78.  Ainda jamaicanos, Asafa Powel, que fez 9,72 e Steve Mullins, que tem como melhor marca 9,80.  O melhor tempo brasileiro é de Robson Caetano, com 10 segundos, em 31 de maio de 1988. Esse exemplo serve para qualquer esporte.  Boa viagem, sucesso e obrigado, Neymar.

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