MAIS UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

foto Veloso

Feito para atender as exigências da televisão, desde muitos anos, o campeonato carioca atravessa sua pior fase. Uma rica história de finais emocionantes, estádios lotados, craques desfilando sua arte em todos os times, inclusive os pequenos, o que vemos hoje é um arremedo daquele que foi a mais importante competição estadual do país, nos bons tempos em que se fazia, também, um bom “rádio”. Tínhamos o mais atraente lazer aos domingos, com suculentas preliminares de aspirantes, juvenis e juniores, até que acabaram com tudo isso. Devo lembrar que o maior público de um jogo de campeonato, no mundo,  é um Fla x Flu.

A gente saía de casa com os pais, tios ou amigos que queriam “fazer a nossa cabeça”, para que torcessemos por seu clube. Era uma coisa boa, saudável, e a gente ganhava uma bela tarde de domingo. Nem sempre as coisas davam certo, como no meu caso. Fui levado ao Maracanã, no início dos anos de 1960, por meu primo José Paulo, o “Dedé”, que nos deixou recentemente, a quem devo minha paixão pelo futebol, eleito desde então meu hobby preferido. Entre muitas decepções e poucos momentos para lembrar, vejo futebol de outro jeito, nunca mais da mesma forma. Nem a seleção me estimula como antes. Tiraram isso de mim.

Os bons jogos estão cada vez mais escassos. As dificuldades para se chegar a um estádio tornam-se verdadeiras aventuras, falta segurança, os preços são exorbitantes. Fazem o impossível para desestimulá-lo a sair de casa. Fecharam o Maracanã para obras, interditaram o Engenhão – o que estão esperando para mudar seu nome – São Januário, segundo a Policia Militar não suporta jogos de dois times grandes, a solução é viajar a Volta Redonda, a poucos quilômetros de São Paulo. Por que não jogar no Morumbi ou Pacaembu, logo ali ?

Resta-nos acompanhar a Liga dos Campeões, o melhor campeonato de futebol do momento, superior à copa do mundo, onde a Fifa faz de tudo para transformar num grande evento político. Além das gravíssimas acusações já citadas aqui algumas vezes, contidas no livro “Como eles roubaram o jogo”, do inglês David Yallop. Como essa gente se agarra aos cargos é uma ótima pergunta, diante de tantas evidências, documentos e depoimentos. Romario tem procurado mostrar serviço, seu dever, aliás, mas precisa ir mais fundo nessa e em outras questões.

Feito a dedo para facilitar duas semifinais com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco – por coincidência posto em ordem alfabética o Vasco ficou em último lugar – é lamentável ver a situação em que se encontra o clube dirigido por Roberto Dinamite, um dos seus maiores ídolos, personagem obrigatória da belíssima história dos cruzmaltinos. O time é um arremedo do que foi no passado. Perdido no tempo e no espaço, vem perdendo terreno até chegar a uma situação insustentável, que merece uma reflexão séria por parte de seus torcedores.

Sei, entendo, que Roberto deve ser responsabilizado pelo estado atual em que o clube se encontra. É mais fácil, inclusive. Será mesmo, ele, o principal responsável pela dívida astronômica, impagável, que o Vasco contraiu, a ponto de ter a água cortada ? Concordo, também, que ele conhecia os problemas que iria enfrentar. Esse é um ponto. Outro é saber que como estavam as coisas alguma coisa precisava ser feito, mudanças teriam que acontecer ou o clube fecharia as portas. Fisica e moralmente.  O resto vocês conhecem.

O Vasco tem apenas um ponto, em quatro jogos com três derrotas. É último do grupo A, praticamente fora da final, onze pontos atrás do Volta Redonda, líder, e Botafogo, com um jogo a menos, oito pontos de diferença. Misturando tudo, dois grupos, 16 clubes, é o que tem menos pontos. Uma situação complicada, no momento em que o clube resgata Paulo Autuori, um dos mais importantes técnicos do futebol brasileiro. Delicada a posição do presidente Roberto Dinamite que, com certeza, precisa fazer alguma coisa. Mais do que tem feito.

One thought on “MAIS UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

  1. Caro Iata boa noite.
    Parabéns, você conseguiu com este “post” materializar a angustia de todos em relação aos estaduais, não só o do Rio de Janeiro.
    Creio que todos que amamos o futebol devemos tentar buscar em conjunto soluções visando trazer a pretérita realidade narrada por você. Esta com certeza é a vontade dos milhões de pessoas apaixonadas pelo futebol brasileiro. Dos dirigentes aos torcedores mais humildes, todos devem contribuir!
    Forte abraço.

    Aristeu Leonardo Tavares

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