FENÔMENO ESCORREGOU FEIO

 

Coisa rara, mas Ronaldo Fenômeno chutou para fora. Ou deu um tiro no pé, como queiram. Quando jogava era único, imbatível, imarcável. O melhor de todos os tempos em sua função específica de centro-avante. Hoje divide essa preferência, na minha visão, com Cristiano Ronaldo, o maior atacante do momento.

Tivemos uma convivência rápida, quando Alfredo Sampaio me convidou para treinar os juniores do São Cristóvão. Ronaldo estava com a seleção brasileira sub-20, aos 17 anos e quando voltou fez apenas três treinos no velho e esburacado campo da rua Figueira de Melo. “Voava” em campo, era diferenciado, estava fora de turma, muito acima dos coleguinhas de time.

Por isso foi vendido ao Cruzeiro. Conquistou os cruzeirenses, Minas, o Brasil e o mundo com seu maravilhoso futebol. Pegou todas as mulheres que quis, acumulou uma fortuna calculada em 600 milhões de reais, fez história. Carismático, sorridente e eloquente, conquistou a imprensa, não teve muitos problemas com a mídia, coisa rara.

Nem o episódio dos travestis deixou cicatrizes. Conviveu bem com o caso, até o esquecimento, rotina por aqui. Até parar de jogar mobilizou multidões. Já fora de forma, machucado, porém com a mesma técnica, levou ao delírio os “loucos” corintianos, como passou a ser conhecida a maior torcida de São Paulo. Definição perfeita, dada por ele, Ronaldo.

Continuou gordo – cada vez mais – até que resolveu voltar à forma, de cidadão, pelo menos. Hoje usa terno e gravata, virou cartola, trabalha para a CBF, quem diria, divulgando a copa do mundo do próximo ano. Exagerou nas declarações, minimizando a corrupção, as falcatruas, como a coisa mais banal do planeta. Menos, Ronaldo, não jogue fora sua imagem, seu carisma, para se tornar subserviente, serviçal. Seja apenas você que é suficiente.

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