ENFIM APARECEU UMA ZEBRA

Foto: AS.com

Pode parecer falta de criatividade, mas somente na última partida da primeira rodada apareceu em campo uma zebra. Comum nas savanas africanas, mas um termo conhecido apenas no futebol brasileiro. A criação do técnico Gentil Cardoso fez jus ao nome e derrubou uma das seleções mais apostadas deste mundial.

A vitória da Suiça sobre a Espanha permitiu muitas avaliações, mas, enfim, nenhum comentário sobre o barulho das vuvuzelas ou as peripécias da Jabulani, dois dos principais protagonistas desta copa que, até agora não apresentou nenhuma novidade tática, pouca técnica e destaque para as retrancas.

Assim a poderosa Furia caiu diante de um time fraco, tecnicamente, mas, como a Coréia frente ao Brasil, com uma aplicação tática defensiva de impressionar. Um time que já foi conhecido como “ferrolho suíço” volta às manchetes por impedir que uma das favoritas confirmasse as apostas que foram feitas em seu futebol. Pesseou pelo gramado molhado antes do jogo, uma novidade neste torneio. Aliás, sem explicação.

Não é possível analisar a vitória suíça apenas pelo futebol feio, mas vitorioso, uma tendência após a primeira rodada. A seleção do Dunga penou para derrotar a Coréia do Norte, a Inglaterra empatou com os Estados Unidos e a Argentina penou para vencer a Nigéria por 1×0, com destaque para o goleiro africano que parou todos os chutes de Messi, a grande estrela da copa. Das grandes forças, apenas a Alemanha fez o dever de casa, derrotando a Austrália por 4×0, única goleada da primeira rodada.

A favorita não parou somente na retranca suíça. Tropeçou nos próprios erros. Tecnicamente é superior, mas não mostrou em campo o que deveria, de um time formado basicamente pelos dois gigantes do futebol espanhol. Se houve entrosamento na defesa, com Puyol e Piqué, do Barcelona, Casillas e Sergio Ramos, do Real Madrid, mais Capdevilla, do Villarreal, faltou entrosamento do meio-campo com o ataque.

O meio-campo, motor do Barcelona, que cedeu três jogadores, Xavi, Busquets e Iniesta, mais Xabi Alonso, do Real, não comprometeu mas também não produziu o que dele se esperava na aproximação a David Villa e David Silva, uma surpreendente formação. A má fase mostrada nos poucos minutos que atuou, justificou a ausência de Fernando Torres como titular. Jesus Navas, uma das atrações da Liga Espanhola, entrou para resolver o problema do ataque mas, como seus companheiros, tropeçou nas próprias pernas.

Com o assustador retrospecto de cinco derrotas em estréias de mundiais, o time de Vicente Del Bosque não teve, mais uma vez, tranqüilidade para transformar seu domínio em gols. Chegou a ter 70% de posse de bola, principal característica do Barcelona, considerado o melhor time do mundo. Mas esbarrou sempre no bloqueio suíço e na própria intranqüilidade. Casillas fez apenas uma defesa e o time chutou 26 vezes e não acertou o gol. Não dá para ganhar jogo assim.

A diferença é que a posse do time dirigido por Pep Guardiola termina nos pés de Messi, Thierry Henry ou Ibrahimovic, que acabam resolvendo o problema das maiores retrancas que enfrentam. David Silva e Villa estiveram mal.

Visivelmente tensos, sem condições de um chute sequer a gol. A Furia acabou tropeçando na própria incapacidade de resolver o problema. Culpar a retranca suíça não resolve os problemas. Del Bosque tem que pensar em modificar o time para a segunda partida. Ou arriscar voltar mais cedo para casa.

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