CRISE NO REAL MADRID

Das muitas mudanças acontecidas nas comunicações a que mais me incomoda é a necessidade de inventar notícias. É uma epidemia universal, ou pelo menos nas que tenho acesso, a nossa, um desastre total, e a espanhola, pouco melhor, mais responsável. Até onde dá. Vem de lá uma onda de “chutes” de fazer inveja a Cristiano Ronaldo e Messi juntos, o que não é pouco. Bastou o Real Madrid ficar fora – pelo menos na matemática – da disputa pelo bicampeonato da Liga que os irrequietos coleguinhas descobriram uma crise envolvendo o técnico Zidane, possivelmente a maior revelação de treinador das últimas três décadas, pelo menos no clube de Chamartin. O cara assumiu um time decadente, previsível, sem esquema definido, vivendo de títulos pontuais, grande clube que é e o transformou numa máquina de jogar futebol e hoje é campeão da Liga Espanhola, Supercopa da Espanha, Supercopa da Europa, bicampeão da Champions, bicampeão mundial, melhor jogador e melhor técnico da temporada passada, em menos de dois anos. E o AS, jornal de Madrid, que tem suas restrições ao clube, não sei por que, já lançou até o nome do provável substituto de Zizou, Joaquim Löw, técnico da seleção alemão, campeão do mundo. Zidane sabe e disse isso, que não vai ficar cinco anos em Madrid, mas deixa que as coisas caminhem normalmente. Existe, não há como negar, um desconforto entre time e torcida, principalmente quando o jogo é no Bernabéu. Três derrotas em casa deixaram os merengues alucinados, mesmo tendo sido uma delas pera o Barcelona, que pode ganhar de qualquer um em qualquer lugar do planeta. Zidane terá que enfrentar a crise com a elegância peculiar e a calma com que subiu cada degrau para ser treinador do maior clube do mundo. Os problemas existem, ele sabe quais são, basta mudar algumas peças e esperar que o fastio dos jogadores perca a força. Ganhar muito também pode trazer prejuízo para os vencedores, que precisam se reciclar, buscar motivação e mostrar, em campo, porque tem cinco titulares na seleção do ano da Fifa, Bola de Ouro para jogador e técnico além de ser aclamado como melhor time da passada temporada. É uma questão de tempo. Basta esperar para que alguém diga, “não falei” ?

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