ARBITRAGEM: ETERNO PROBLEMA

Manchester United’s Swedish striker Zlatan Ibrahimovic (2L) clashes in the air with Bournemouth’s English defender Tyrone Mings (L) during the English Premier League football match between Manchester United and Bournemouth at Old Trafford in Manchester, north west England, on March 4, 2017. / AFP PHOTO / Oli SCARFF / RESTRICTED TO EDITORIAL USE. No use with unauthorized audio, video, data, fixture lists, club/league logos or ‘live’ services. Online in-match use limited to 75 images, no video emulation. No use in betting, games or single club/league/player publications. /

Não sei explicar, nem procurei saber, mas determinadas coisas me incomodam. Comecei a fazer reportagem de campo em 1974, na “reserva” de Washington “Apolinho” Rodrigues e Denis Menezes, a maior dupla de repórteres do rádio esportivo de todos os tempos. Monstros, mestres, padrinhos, como acertar na loteria sozinho. Ficava intrigado com reversão de arremesso lateral, a famosa “regra 18” a que não existe. Sabia que não podia punir o time com uma falta técnica por um ato disciplinar de um jogador. “Fez cera a gente reverte mesmo”, disse-me certa ocasião um árbitro conhecido meu, de ponta. Iniciei uma campanha, no ar, conversando com alguns amigos apitadores e a coisa mudou. Não por mim, que sempre procurei estar atualizado com as 17 e eternas regras estabelecidas pelo International Board, departamento da Fifa que trata do assunto. Penso que muita coisa deveria ter sido modificada. Antigamente existiam apenas duas interpretações para o “hands” consagrado até a década de 1960, mais ou menos. Era bola na mão ou mão na bola. Hoje há tanta baboseira numa coisa tão simples que acabou tornando o assunto mais polêmico da arbitragem. Pôs a mão na bola, falta, ponto final. A bola bateu na mão, segue o jogo. Aí entra o aspecto mais complicador dessa situação, os comentaristas de arbitragem. Vêem o lance 15 vezes e não chegam a uma conclusão. “Sei não”, diz o locutor, que não pode opinar, o patrão não deixa, muito menos se for contra o time grande ou “da casa” para onde vai a transmissão. “Vamos ver por outro ângulo, talvez haja uma câmera melhor”, diz o “comentarista”. Inventaram que o jogador não pode usar o braço para se movimentar, como se eles não fizessem parte do corpo. Chegou ao ponto do atleta que defende jogar com os braços para trás, um absurdo. Por essa gente, seriam como “jogadores” de totó, com os braços grudados no corpo. Na TV que a gente paga pra ver o jogo, os profissionais – orientados no sentido de não criar polêmica – alguns muito bons, ficam completamente amordaçados a ponto de comprometer seu desempenho na transmissão. “Tire sua conclusão” , disse o comentarista num lance de penalty no jogo do Fluminense contra o Volta Redonda. O cara está no campo, ao vivo, vê a repetição várias vezes e não opina, o que ele foi fazer ali ? Para o torcedor tirar conclusão em casa , não precisa um profissional escalado para essa função, mandar. A mais absurda e fantástica conclusão deixa os profissionais de educação física, em especial, com os pelos em pé quando ouvem que o jogador usou os braços para ganhar impulsão. Uma das mais importantes funções dos membros superiores é exatamente trabalhar na hora da impulsão. Mas eles não sabem disso, nem o pessoal da Board, com certeza. Essa pressão sobre os jogadores, quando dividem um lance no alto, gerou uma reação perigosa que se transformou em cotoveladas repetidas vezes, em todos os jogos. Edinho, ex-zagueiro do Fluminense, define com sabedoria, grande zagueiro que foi, como o atleta deve agir nesses lances. As cotoveladas deveriam ser punidas com mais rigor, até mesmo a expulsão de campo, coisa rara. Abrir os braços não quer dizer que há intenção de agredir o adversário, mas evitar um choque de cabeça, sempre uma grande preocupação. Enfim, vem aí o “arbitro de vídeo”, uma ideia boa, porém pode gerar muita confusão. Já houve lance de interferir na interpretação do árbitro. Tira sua soberania e complica. Mas pode ser um excelente auxilio para a arbitragem, desde que bem usado. Só o tempo dirá. FOTO: uma boa dica para os orientadores de árbitros é verificar a posição do braço, quando o jogador faz a impulsão. Se estiver com o antebraço flexionado, como Ibrahimovic, com certeza ele foi com intenção de atingir o adversário. Nesse lance não resta a menor dúvida que ele foi pra machucar. Se estivesse com o braço estendido nada teria acontecido, seria apenas para evitar o choque.

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