ENCONTRO COM TONI

Uma visita a “Catedral”, como é conhecido o novo Estádio da Luz, inaugurado em 2004 para a final do Campeonato Europeu de Seleções, pode reservar grandes surpresas. Ou não. Depende do seu dia. Aquele era o meu. O convite para participar de um programa da Benfica TV rendeu-me um encontro com o ex-jogador Toni, titular absoluto do campeão português e da seleção por muitas temporadas.


Conheci Toni numa excursão do América à África, para três jogos com o Benfica, base da seleção, naquela ocasião. Contava inclusive com Eusébio, o maior jogador português de todos os tempos, já as voltas com problemas nos joelhos, mas jogando o futebol que o consagrou como um dos maiores de seu tempo. Chegando a ser chamado de “Pelé português”, o que não é pouco. Toni lembrou alguns detalhes daquela excursão.

– Lembro bem que o America tinha um time muito bom, que nos deu muito trabalho. E nós tínhamos uma equipe fortíssima, uma das melhores que já tivemos. Em Sá da Bandeira estávamos perdendo o jogo e eu fiz um gol meio de ombro e terminamos empatando em 3×3. Mas foi um jogo duríssimo, muito disputado. Saiu confusão, por causa da arbitragem, mas acabamos contornando o problema e seguimos juntos para mais dois jogos.

O time brasileiro era dirigido por Amaro, ex-jogador do clube, campeão estadual em 1960, e estava se formando para conquistar a Taça Guanabara do ano seguinte, derrotando Fluminense, na final, por 1×0. Era liderado pelo capitão Alex, tinha Ivo Worteman, Mareco, Mauro, Flexa, Tadeu, meia de futebol refinado e os jovens Lusinho Lemos e Sergio Lima, que se tornariam grandes artilheiros do time. Nesse jogo a arbitragem foi totalmente favorável aos portugueses, que chegaram ao empate com um gol ilegal.

– Depois fizemos mais uma partida, em Angola. Outra vez o time brasileiro nos deu muito trabalho e acabou nos surpreendendo. Empatamos e fomos decidir nos pênaltis. Acabamos perdendo o jogo e o Troféu TAP, uma belíssima taça que ficou com o America. Foi uma excursão maravilhosa, a gente estava na pré-temporada e o time estava sendo montado. É muito bom relembrar esses momentos.

Antonio José da Conceição Oliveira (Toni), “O craque saloio”, como era chamado o grande capitão do Benfica, nasceu em Mogofores/Anadia, em 14 de dezembro de 1946, atuava como médio-centro, correspondente ao nosso meia- esquerda, estreou no Estádio da Luz em 8 de setembro de 1968, com a vitória do Benfica sobre o Belenenses por 4×1. Parou em 3 de outubro de 1979, vencendo o Arias Salônica, da Grécia, por 2×1.

Atuou em 395 partidas do maior campeão português, marcando 24 gols. Foi campeão nacional 8 vezes, ganhou 4 Taças de Portugal e 1 Troféu Ramon da Carranza, em Cadiz, Espanha. Atuou 33 vezes pela seleção portuguesa e foi vice-campeão da Minicopa, em 1972, perdendo para a seleção brasileira por 1×0, no Maracanã, gol de Jairzinho.

– Tínhamos um grande time, fizemos uma partida excelente e tudo se encaminhava para o 0x0 quando cruzaram uma bola na área e o Jairzinho raspou de cabeça marcando o gol do título. Lembro do Maracanã lotado, com mais de 100 mil torcedores a empurrar o time brasileiro, que era muito forte. Tinha conquistado o tricampeonato, em 1970, no México e a maioria dos jogadores campeões estava em campo.

Toni encerrou a carreira em 1977 e foi contratado pelo Las Vegas Quicksilver, dos Estados Unidos, o grande eldorado dos jogadores portugueses na época. Na despedida de Eusébio, Toni envolveu-se numa confusão gigantesca, junto com Nelinho e Humberto Coelho. O trio não se concentrou no treinamento anterior ao jogo e foi afastado pelo técnico Jimmy Hagan para a partida. O presidente Jorge Borges exigiu a presença dos três craques e o treinador pediu demissão.

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