ME POUPE. MAS NÃO ME CALE

Quando eu vi esta nova invencionice da CBF, Rogério Mikale, anunciado como o novo técnico da seleção olímpica, que não preenche uma só linha nos três quesitos básicos da entrevista para se habilitar a treinador do São Cristovão FR (1 – Jogou aonde? Lugar nenhum. 2 – Chupou gelo com quem? Com ninguém. 3 – Ganhou o quê? Nada, apenas vices-campeonatos sub-20 mineiro, da Copa do BH e vice mundial sub-20), apitando treinos de óculos escuros e dando entrevistas de página inteira em O Globo, cheio de teorias e pouquíssimas práticas, não resisti a pesquisar na Wikipédia sua página. Quando acabei, não resisti: Chega CBF! Me poupe. Mas não Mikale. Não subestimem, outra vez, o ouro olímpico no futebol. Este rapa z não tem currículo nem bagagem  para tamanha envergadura.

Seria tão simples, justo e correto com a maior paixão do brasileiro que a entidade que o dirige fizesse o óbvio. Concedesse, através da meritocracia, a oportunidade de um treinador vencedor da sua mais importante competição, o Campeonato Brasileiro, dirigir a nossa seleção brasileira. Em 2013, antes da Copa do Mundo, o Cruzeiro levantou o título brasileiro com 11 pontos de vantagem contra o segundo colocado, o Grêmio. Teve 5 vitórias a mais e saldo de 40 gols a favor, contra 5. Seu treinador era Marcelo Oliveira. Ao anunciar o nome que nos levaria aquele novo vexame em casa, a CBF convidou Luis Felipe Scolari. Seu ultimo trabalho: fora demitido pelo Palmeiras um ano antes ao perder por 3×1 para o Vasco, ter conquistado apenas 20 pontos em 24 partidas no Brasileirão e levado seu clube para a segunda divisão, em 2013. Usou a derrotocracia.

Vem um novo brasileiro, 2014, e novamente o Cruzeiro  se torna bi-campeão brasileiro. Seu treinador: Marcelo Oliveira. A CBF se prepara para anunciar o substituto de Felipão. Depois do fracasso da seleção brasileira em 2010, Dunga ficara dois anos sem treinar qualquer clube. Foi contratado pelo Internacional apenas em dezembro de 2012. Após outro fracasso no Brasileirão 2013, demitido após quinze derrotas e apenas duas vitórias, a CBF o anuncia como  o substituto de Felipão para a Copa América e as Olimpíadas. Só agora, depois de uma nova derrotocracia, chama o Tite. Justo campeão brasileiro. Mas no lugar de o colocar para trabalhar, fazer jus ao salário e comando, manda-o viajar pelo país no lugar de dirigir a seleção olímpica. E vocês querem que eu Mikale?

Bem, só para não ir muito longe, vou lembrar a vocês:  Alexandre Gama também era bom treinador do sub-20. Ganhou alguns títulos de base para o Fluminense. Como este estudioso moço de óculos escuros, ascendeu de repente ao estrelado. Do sub para o supra. Quando quis enquadrar o Romário, o baixinho perpetuou uma das suas memoráveis frases: “Chegou agora e já quer sentar na janela?” Gama, lógico, caiu do ônibus  e sumiu pela estrada. Romário e o Fluminense  seguiram viagem. Vocês acham que este criador de minhocas vai conseguir se impor em meio a este Butantã de cobras criadas?  Estou quietinho aqui na minha cidade, mas meu computador, e minha paixão pela bola, me permitem o desabafo: Me poupe.Mas não Mikalem!

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

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