A SUBIDA PARA A SEGUNDA DIVISÃO

Se há, no futebol brasileiro, uma receita de breve tristeza para um ano de felicidade, esta significa uma ida para a segunda divisão. Parece queda, mas é subida. No Flamengo, que joga a primeira, haverá uma nova semana de crise porque perdeu do Grêmio. No Botafogo, que disputa a segundona, haverá outros sete dias de paz porque enfrentou e venceu o Bahia. O Fluminense já trocou três vezes de treinador, o Vasco também, no Botafogo houve apenas uma troca desde janeiro. Por capricho, não por derrotas. Às vezes, a defesa tentar complicar, mas tamanha é a incompetência de Oeste, Bragantino, Mogi Mirim, Sampaio Correia,  que se torna impossível perder. Basta uma lance de lucidez, um contra ataque, um raro pique do seu meia esquerda sempre hábil, eternamente lento, em direção ao gol, uma falta batida pelo Carleto, um outro uruguaio ressuscitado para decidir cada partida. Quando nada funciona, há lá atrás uma barreira instransponível, chamada Jefferson, a corrigir tudo. Menos o racismo, cuja moda voltou no país, do Dunga. O nível da segunda divisão é péssimo e todos os grandes times que desceram nos últimos anos imediatamente subiram. Nos braços dos seus torcedores, com direito a taça, volta olímpica e uma tranquilidade que não tem preço. Sem sofrer a angústia de disputar as ultimas rodadas para saber quem é o “menos ruim” dos cariocas.

 Portões não foram pichados em General Severiano. Os do Fluminense foram. Jogadores do Vasco foram recebidos a cusparadas no Aeroporto Santos Dumont, os do Botafogo, quando retornam das suas maçantes vitórias, poucos são notados. Jogadores do Flamengo foram afastados pelo uso excessivo de uma tal Stelinha, já os atletas alvi negros têm desfilado em paz com sua estrelinha solitária. Mas se Marcelo Cirino, Éverton e Paulinho por lá jogassem, líderes do campeonato e não em 14º lugar, seus marqueteiros dariam um jeito de fazer a Stelinha ser o símbolo da estrelinha. São supersticiosos os botafoguenses, lembram-se?

Sendo assim, faltando apenas algumas rodadas para decidir o seu próximo destino, não temos nenhuma dúvida que com o time que possui e os investimentos que não possui, seria melhor o Vasco subir para a segunda divisão. Enquanto jogasse e vencesse em 2016, em meio a ausência de qualquer crise pela incompetência dos seus adversários, investiria nas suas divisões de base, que ao contrário do Fluminense que o venceu com gol do Gérson, em jogada começa pelo Gustavo Scarpa, ambos formados em Xerém, há muito não revela um grande jogador para seu time de cima. Jorge Henrique, Rodrigo, Julio César, Dagoberto e Andrezinho mereciam jogar uma temporada por prazer, não por superação, como há muito andam fazendo para alcançar um nível físico e técnico que já não possuem. O único a descer seria Eurico Miranda. O tempo do cartola romântico, incompetente mas adorado,  capaz de preferir perder um campeonato do que perder para o Flamengo, acabou. Não há divisões, acima ou abaixo no futebol brasileiro, que se preste a recebê-los quando buscamos novos caminhos.

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

 

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