ESTÁ FALTANDO O PROFISSIONAL

Que me desculpem os outros esportes depois que o Guga parou e que o Ayrton se foi:  sábado e domingo é dia de assistir futebol. Primeiro, o Campeonato Espanhol, uma espécie de reedição semanal do clássico embate David x Golias. Barcelona e Real Madrid de um lado, com os maiores talentos que a moeda é capaz de comprar, Granada e Levante lutando para não explodir e se levantar após cada pancada desferida aos sábados ou domingos. Em um final de semana, Cristiano Ronaldo faz cinco, Messi faz três. No outro, Neymar marca um, Bale outro e sempre Benzema e Suarez estão por lá, pegando os rebotes daquela legião de goleiros acuados pelos melhores chutadores do mundo. Não por acaso, todos que lá se glorificam levam o prêmio de melhor do ano da FIFA: 

Ronaldo, Rivaldo, Romário, Ronaldinho, Zidane, Cristiano Ronaldo e Messi. Vivem a bater em bêbados e os senhores da FIFA não notam que deveriam escolher gladiadores que disputam campeonatos mais equilibrados como o alemão e o italiano.

Segundo, assistimos todos os jogos do Campeonato Brasileiro, sempre emocionantes porque para cada bêbado que o organiza, emergirá dos gramados, a justificar o programa, um Luan, Ritheli, Rafael Carioca e estes dois meninos iluminados que puxam os contra ataques do Grêmio e do Corinthians: Paulo Borges e Malcom. Mas neste final de semana eu e meu filho Guilherme, presentes os noventa minutos na sala, notamos uma diferença entre os dois campeonatos: no Espanhol, dá para guardar a escalação dos grandes times porque jogam sempre os mesmos. É ligar a televisão que estarão por  lá Messi, Cristiano, Neymar, Rodriguez, como prometido pelo Premiére, à sua disposição. Como se fosse alugar um filme com Brad Pitt e ele não se ausentasse na fita.    Já por aqui, num domingo tem Fred em cartaz, nos outros quatro permanece de fora. Navarro joga dois jogos, cria bilheteria, quando se paga o ingresso, fica de fora. Uma vez é com o Guerrero, tantas outras sem o Ronaldinho Gaucho. Seria como ir ao teatro assistir Antonio Fagundes e encontrasse um outro ator no seu lugar. Propaganda enganosa? Desrespeito ao público pagante?

Na Europa os jogadores de futebol são profissionais. Ganham muito, fazem comerciais (até caspa, acreditem, dizem ter) mas se cuidam para estar a postos no domingo. Dormem cedo, se alimentam bem e treinam para jogar, e não reclamar do calendário, às quartas pela Copa da UEFA, no domingo pelos seus campeonatos. No Brasil, com as raras exceções der um Zé Roberto, do Durval, não existem profissionais. São amadores enriquecidos pela bola que adotam o chinelinho no dia seguinte às vitórias e, nas derrotas, o Depto. Médico a justificar seu pífio desempenho.

Eu, tricolor, e o Guilherme, botafoguense, escalamos de cabeça  Barcelona e Real Madrid mas fomos incapazes de escalar nossos próprios times. A solução encontrada por aqui? Trocam de treinadores e mantém treinando os que não treinam, pouco jogam e ficam de fora do cartaz cujo protagonismo não assumem. Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Denílson e Didi; Cafuringa (Wilton), Samarone, Flávio e Lula. Este tome eu sabia de cor, mas e quanto ao Fluminense de hoje? Você escalaria?

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

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