MARCIO BRAGA COBRA AÇÃO NO FLAMENGO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rio de Janeiro, 09 de abril de 2012

Ao
Dr. Sylvio Capanema de Souza

MD Presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo

Desejo registrar publicamente que considero grave omissão da Presidência do Conselho Deliberativo do Flamengo sua negativa ao expediente do Conselheiro Delair Dumbrosck, subscrita por mim e outros conselheiros e sócios, no início de março último, pedindo informações e as providências cabíveis no âmbito deste órgão, em razão da ausência de prestação de contas do Exercício de 2010.

 

Mais que isso, considero ofensa pessoal a provocação contida neste mesmo despacho, acusando os signatários de não terem manifestado a mesma preocupação com relação às administrações anteriores. Trata-se de generalização intolerável, além de desconsideração pela participação dos signatários da petição no Flamengo, sempre combatendo os que se aproveitam de seus cargos, a exemplo do processo de impeachment do Presidente, em 2002.

 

Tem sido uma grande honra ter a minha vida ligada à história do Flamengo. Sou sócio há mais de 50 anos e alcancei a distinção de estar entre os Grandes Beneméritos do Clube. Exerci a presidência por seis mandatos, totalizando 14 anos. Também presidi o Conselho Deliberativo duas vezes, somando outros quatro anos.

 

Todos sabem que em janeiro de 2004, quando voltei à Presidência, a situação do Flamengo era caótica e dramática. Os salários estavam atrasados há três meses. Muitos jogadores estavam sem contrato. Perdemos o Refis e o Clube sequer tinha talões de cheque. A Justiça Federal tinha decretado a insolvência. A sentença mandava o Flamengo vender todos os bens para pagar os credores. Se isso ocorresse, ainda ficaria devendo R$ 139 milhões (patrimônio líquido negativo).

 

Empenhei a minha credibilidade política e o meu aval pessoal. Até hoje tenho o meu patrimônio comprometido em razão disso. Trabalhei duro, com a ajuda de um time de colaboradores aguerridos, e pudemos reconduzir o Flamengo ao caminho da vitória. Para começar a resolver esta situação calamitosa, mantivemos audiências com as seguintes autoridades: Presidente da República, Presidente do STF, Presidente do TST, Presidente do Senado, Presidente da Câmara Federal, Ministro da Previdência, Ministro do Esporte, Presidente do INSS, Procuradoria da Fazenda Nacional, Procuradoria da Previdência e Secretaria da Receita Federal, entre outras autoridades.

 

Paralelamente, foi realizada uma grande mobilização interna para saneamento da administração, das finanças e do marketing, um trabalho gigantesco e vitorioso, que envolveu inúmeros dirigentes e colaboradores competentes e dedicados ao Flamengo, com destaque para o Conselheiro José Carlos Carvalho Dias, Vice-Presidente de Finanças.

 

Quando entreguei a Presidência a Patrícia Amorim, além da hegemonia no futebol e das conquistas nos outros esportes, o Flamengo estava com os salários em dia, tinha passado por uma auditoria financeira externa e independente, a nosso pedido. O nosso balanço estava em dia e sabíamos que o valor da dívida, de R$ 330 milhões, tinha deixado de ser a maior do futebol brasileiro. O Clube possuía contratos assinados que asseguravam receitas de cerca de R$ 150 milhões anuais, o que tornava a dívida administrável e abria boas perspectivas para o futuro.

 

Lamentavelmente, todo este trabalho parece estar sendo comprometido agora por incompetência e por uma governança inadequada, que tem, entre outras evidências, o não cumprimento do Estatuto no que se refere às prestações de contas e falta de transparência em toda a administração da Presidente Patrícia Amorim. A gestão do Flamengo passou a ser uma caixa-preta.

 

Esta situação lança intranqüilidade aos sócios e a toda  Nação Rubro-Negra. Temos o direito de saber como estão as contas do Flamengo. Qual é a situação do balanço? Em quanto está a folha de pagamentos? Qual é o valor da dívida atualmente? O que a atual administração está fazendo para honrar os compromissos do Clube? Não queremos que o Flamengo sofra novamente hoje o estado de insolvência que viveu no final da administração de Edmundo Santos Silva.

 

No âmbito da Presidência do Conselho Deliberativo, sob sua responsabilidade, cabe lastimar não só a referida decisão de não acolher o nosso e vários outros pedidos de informações e providências, mas, sobretudo, a inação relacionada à modernização institucional do Clube, a começar pela reforma do Estatuto, para adequá-lo às necessidades e exigências dos modelos esportivos contemporâneos. Sem isso, o Flamengo perde oportunidades no presente e compromete o seu futuro.

 

O descontrole financeiro e a falta da reforma estatutária poderão tornar o Flamengo ingovernável, cabendo à Presidência do Conselho Deliberativo adotar as providências que lhe competem para evitar que isso ocorra e para que os danos ao Clube não se tornem irremediáveis.

 

Marcio Baroukel de Souza Braga

 

UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO!

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